Capítulo 94

marcelo: oi… com licença

miguel: marcelo…? aconteceu alguma coisa?

joana: o que você tá fazendo aqui?

marcelo: eu vim saber sobre o fernando 

joana: o que você quer com o meu filho?

miguel: o fernando? como assim?

marcelo: eu vou ser bem direto com vocês, tá bom?! Minha irmã tá sumida e eu tenho certeza que o filho de vocês tá envolvido nisso 

joana: o que o fernando tem a ver com o sumiço da anna clara? eles não estão juntos a muito tempo, vai perguntar pro marido da sua irmã

miguel: joana, para! Marcelo, me explica isso que até agora eu não entendi 

marcelo: a clara foi sequestrada, pegaram ela ontem na saída do trabalho 

joana: e o que a gente tem a ver com isso? vai na polícia, sei lá

miguel: joana, eu já disse pra você parar 

joana: você vai deixar esse menino ficar acusando nosso filho?!

marcelo: porque o seu filho é obcecado pela minha irmã e até hoje atormenta a vida dela. A clara sofreu muito por causa das loucuras do fernando, sofreu um aborto por causa dele também. E você acha que ele não é a primeira pessoa que eu ia pensar estar envolvida nisso?

joana: esse é o problema da sua irmã, tudo de ruim na vida dela, ela quer colocar a culpa no fernando. Manda a anna clara viver a vida dela

miguel: olha, marcelo, eu realmente não sei nada sobre isso 

marcelo: e cadê o fernando? pelo menos isso vocês sabem?

joana: ele tá viajando, a trabalho 

miguel: é, desculpa marcelo, mas não podemos ajudar 

marcelo: tudo bem. Obrigado mesmo assim. Com licença 

Saí de lá me sentindo decepcionado por não encontrar respostas, mas eu ainda tinha a sensação que o fernando estava envolvido nisso. Não vou desistir tão fácil assim. Quando entrei no meu carro, o juninho me mandou mensagem.

Irmão, onde vc tá?

To aqui na sua casaa e nervoso sem saber de nada

     Oi

     To indo pra casa agora

     Fui atrás de informações mas sem sucesso 

     To chegando 

Bloqueei a tela do celular, dei partida e fui pra casa.

• Marcelo off
• Júnior on 

Cheguei na casa dos pais da clara e fui recebido pelo meu sogro.

henrique: bom ter você aqui, juninho 

júnior: e aí, sogrão - nós nos abraçamos - nada de notícias ainda?

henrique: nada

júnior: marcelo me disse que foi atrás de alguma coisa, mas me contou mais nada

henrique: é, espero que ele consiga - sentamos ali no sofá 

júnior: você tá com mó cara de cansado 

henrique: passei a noite em claro com o marcelo, na esperança de receber alguma ligação, informação, qualquer coisa 

júnior: eu não aguento mais ficar sem notícias 

henrique: a amanda está abalada, ainda bem que tem a julya e a helena pra cuidarem dela. Você veio sozinho?

júnior: não, meu pai e os moleques vieram comigo, mas eles foram passar na minha casa, depois eles vem pra cá 

henrique: quer um café? porque eu to a base de café 

júnior: aceito - nós dois fomos para a cozinha, ele nos serviu um café e nós sentamos - ninguém da delegacia ligou?

henrique: não, isso que tá me deixando mais nervoso. O investigador disse que ia começar a trabalhar nisso tudo cedo 

júnior: quem sabe se eu ligar pra lá, sei lá. A gente precisa achar a clara logo. Vai saber o que podem fazer com ela ou com a Liz. Não quero nem pensar 

henrique: eu vou ligar pra ele, tentar alguma coisa - ele pegou o celular para ligar 

• Júnior off

Acordei e levei um susto porque o fernando estava ali me encarando.

fernando: bom dia, amor. Dormiu bem? - eu fiquei em silêncio - tudo bem… preparei nosso café da manhã. Vamos descer pra comer? 

clara: eu não to com fome 

fernando: mas você vai comer, querendo ou não 

Ele me arrancou do quarto e nós descemos. Fomos para a cozinha e tinha uma mesa de café da manhã enorme, que dava pra alimentar um batalhão.

clara: isso é só pra gente?

fernando: sim, tudo que você gosta 

clara: fernando, é muita coisa 

fernando: tem tudo pra gente, meu amor. Agora senta e come sem reclamar 

Sentei e fui comendo, porque eu realmente estava com fome e sei que se eu não comer, posso fazer mal pra minha filha. Quando estávamos comendo, o celular dele começou a tocar. Ele atendeu.

fernando: oi, pai… sim, tudo bem e por aí?... o marcelo? - ele riu, eu fui falar mas ele tapou minha boca - marcelo é maluco, essa família aí toda. O que eu ia querer atrás da anna clara?... minha mãe tá certa… tá, tá… esquece isso… você sabe que eu to trabalhando… vai desconfiar de mim?... pai, depois a gente conversa. Tchau - ele desligou e segurou forte o meu rosto - se você abrir essa boca pra gritar mais uma vez enquanto eu estiver no telefone, você vai sofrer consequências - ele me empurrou e eu quase caí - come tudo aí de boca fechada, vai ser melhor pra você - ele saiu da mesa

Eu estava com tanto medo que comecei a chorar. Eu não sei o que se passa na cabeça do fernando, não sei o que ele pode fazer comigo e com a minha filha. Por isso, resolvi obedecer ele, com medo.

• Júnior on 

A julya acordou e apareceu ali na sala.

julya: oi, jú

júnior: oi, jujuba - nos abraçamos - como você está?

julya: preocupada com tudo isso e você?

júnior: eu nem sei o que eu to sentindo 

julya: a gente vai achar ela… e aí, nenhuma notícia?

henrique: nada, o investigador nem saiu de casa ainda para começar os trabalhos 

júnior: a gente tem que dar um jeito nisso 

Ouvimos um barulho na porta e meu coração acelerou, mas era o marcelo entrando. Ele cumprimentou todo mundo.

henrique: conseguiu?

marcelo: não, os pais do fernando falaram que ele está viajando a trabalho e que não tem nada a ver com o sumiço da clara 

júnior: é claro que ele tá envolvido, o cara some, diz que foi viajar a trabalho e a clara some ao mesmo tempo… vocês acham mesmo que ele não tá envolvido? eu vou matar esse cara

julya: juninho, calma. Não é o momento de pensar nisso 

júnior: a clara tá grávida, julya. Você quer que eu pense em dar um abraço no cara?

julya: eu sei, mas isso não vai levar a nada. É difícil pra todo mundo, eu também to morrendo de nervoso aqui, mas nesse momento, nós temos que manter a calma. Pelo bem da clara.

marcelo: é, você tá certa 

júnior: eu não consigo - sentei ali no sofá - eu só consigo pensar em tudo que ele pode estar fazendo ela passar 

A tia amanda acordou e apareceu ali na sala com a helena no colo.

amandA: juninho - veio me abraçar - oi, meu filho 

júnior: oi, tia. Como você está? - passei a mão no cabelo dela 

amanda: apreensiva… apareceu alguma notícia?

henrique: não, nada ainda 

julya: meu coração parece que vai sair do peito de tanta angústia 

marcelo: agora não tem o que fazer a não ser esperar a polícia 

júnior: marcelo, vamos pra delegacia

henrique: mas você na delegacia? não vai chamar muita atenção?

júnior: isso é o que menos me importa. Vamos, marcelo. Não podemos passar mais um dia sem notícias da clara 

marcelo: bora 

Nós nos despedimos deles e quando fomos saindo, demos de cara com meu pai e os moleques chegando.

gil: descobriram alguma coisa?

marcelo: não, mas estamos indo atrás disso 

neymar: onde vocês vão?

júnior: na delegacia 

neymar: você vai na delegacia?

júnior: pai, eu não me importo se vou ser visto, se vão falar alguma coisa. A minha mulher tá sumida com a minha filha na barriga, eu preciso achar ela e vai ser agora. Não to nem aí pra opinião dos outros 

jota: eu vou com vocês 

gil: eu também 

marcelo: então bora, rapaziada

neymar: eu vou ficar aqui, sua mãe e a rafa estão vindo 

henrique: fica aí, sempre bom ter mais alguém para apoiar

Nós entramos no elevador e o marcelo apertou o botão da garagem. Chegamos na delegacia e ficou todo mundo muito surpresa em me ver ali. Já pedimos para falar com o delegado e ele logo me atendeu. Explicamos tudo pra ele que foi muito rápido e logo o investigador apareceu ali na sala dele.

marcelo: que diferença, se eu viesse sem você, iam demorar horas 

júnior: minha imagem tem que servir para alguma coisa

O investigador conversou um pouco com a gente, sobre as suspeitas e nós fomos para a clínica da clara. Conversamos com uma das sócias dela que ficou chocada ao saber o que tinha acontecido e nos disponibilizou as imagens das câmeras de segurança. Ele acelerou as imagens e vimos o cara que levou a clara e levou no carro dela.

daniel: o carro dela tem gps?

marcelo: eu não sei, acho que tem 

daniel: preciso de todas as informações do carro, talvez localizando ele, fique mais fácil 

Ele e mais um policial que veio junto, conversaram com todos os seguranças que trabalham aqui e depois foram embora. Como não tínhamos mais o que fazer por agora, voltamos para a casa dos pais da clara para esperar por alguma outra informação. 

gil: irmão, olha isso aqui - ele me mostrou o celular

“Esposa de Neymar é sequestrada e jogador voa para o Brasil as pressas”

júnior: eu sabia que isso ia vazar, mas espero que pelo menos alguém tenha visto alguma coisa 

jota: a gente vai achar ela rapidinho

Chegamos na casa dos pais da clara. Minha mãe e a rafa já estavam por aqui.

nadine: filho - me abraçou - vim o mais rápido que eu pude

júnior: obrigado, mãe - eu não consegui segurar o choro naquele abraço e desabei tudo que eu estava segurando 

nadine: a gente vai achar ela

júnior: eu to com medo de ter acontecido alguma coisa com ela 

nadine: se Deus quiser, tá tudo bem com ela e com a nossa Liz - ela enxugou minhas lágrimas - te amo - ela beijou minha testa

rafa: nós estamos aqui com você - ela me abraçou também 

amanda: descobriram alguma coisa?

marcelo: fomos até a clínica, vimos as câmeras de segurança e o rosto do cara que sequestrou ela apareceu 

amanda: então agora ficou mais fácil?

marcelo: espero que sim… aliás, preciso de todas as informações do carro da clara, se tem gps, tudo 

amanda: ela tava usando o meu, é claro que tem gps 

marcelo: então vamos passar tudo pra polícia

júnior: eles vão localizar o carro, talvez assim encontrem ela 

A tia passou todas as informações pro marcelo e ele mandou pro investigador. Agora é a pior parte, ficar esperando por respostas. Ainda bem que nós temos a helena aqui pra nos distrair, porque não sei que nós aguentaremos essa angústia toda. 

• Júnior off

Depois que comi, o fernando me trancou no quarto de novo. Ele me prendeu ali na cama e eu comecei a chorar, pensando no jú, na minha família. Eu sei que eles já devem ter sentido a minha falta e estão me procurando. O que me preocupa é o júnior que está lá em Paris, sem saber de nada. Será que ele perguntou de mim pra minha família? O combinado era eu voltar pra casa hoje. A Liz começou a chutar e eu fui acariciando minha barriga.

clara: a gente vai sair daqui, filha. Vai ficar tudo bem - as lágrimas continuaram caindo - daqui a pouco a gente tá com o papai e vai dar tudo certo - alisei minha barriga e ela continuou chutando.

• Marcelo on 

Depois que almocei, fui ficar um pouco com a helena, só ela pra conseguir me acalmar.

julya: eu to tão angustiada, com medo 

marcelo: eu também, chorei escondido porque não quero que meus pais me vejam abalados. Sei que meu pai também tá se fazendo de forte pra minha mãe. Essa situação é horrível. 

julya: Celo, será que… fizeram alguma coisa com ela?

marcelo: Deus queira que não, mas se foi o fernando mesmo que fez isso, eu tenho medo 

julya: você acha que ele machucaria ela?

marcelo: eu não sei, ele é maluco. Não sei mesmo 

julya: mas vai dar tudo certo, nós vamos encontrar ela 

marcelo: vamos, vamos sim. Dá uma força pra gente aí, Deus - olhei pro céu e quando olhei pra helena de novo, meu celular começou a tocar. Era um número desconhecido e eu atendi logo, porque pode ser alguma informação sobre a clara - alô?!

xxx: oi, marcelo?

marcelo: eu mesmo, quem fala?

xxx: é o miguel, pai do fernando

marcelo: o-oi, miguel… é o pai do fernando - falei baixinho só pra julya ouvir 

julya: fala com ele 

miguel: marcelo, desde que você saiu aqui da minha casa eu fiquei pensando no que você disse, sobre a clara. Eu liguei pro fernando, ele disse que estava trabalhando mas eu fiquei desconfiado. Olha, eu não sou igual a joana que fica passando a mão na cabeça dele e concordando com todas as merdas que ele fez. Sei que o fernando ser assim é muito por culpa dela. Mas enfim, fiquei pensando muito nisso, ainda mais na clarinha, que sempre foi tão legal com a gente, uma menina incrível.

marcelo: e aí?

miguel: eu desconfiei de um lugar que ele pudesse estar, liguei pro caseiro que cuida da minha casa em petrópolis e ele disse que o fernando dispensou ele

marcelo: petrópolis 

miguel: é, essa é a única pista que eu tenho. Eu espero que isso possa ajudar 

marcelo: me passa o endereço dessa casa

miguel: passo, claro - ele me passou o endereço 

marcelo: miguel, muito obrigado. Você não tem noção do quanto essa informação é importante, obrigado mesmo 

miguel: você me mantém informado. Acho que não quero acreditar que meu filho seria capaz isso mas mesmo assim, quero saber 

marcelo: claro, assim que eu descobrir te ligo. Muito obrigado 

miguel: de nada e qualquer coisa, liga - desliguei 

julya: e aí, descobriu alguma coisa?

marcelo: ele disse que o fernando dispensou o caseiro da casa em petrópolis, ele tá lá, ele tá lá com a clara. Eu lembro que a clara me contou que essa casa deles é mais afastada, que é uma casa enorme. Ela tá lá

julya: então vamos na delegacia atrás disso tudo

Nós saímos do quarto e fomos pra sala onde estava todo mundo.

• Marcelo off
• Júnior on

Nem consegui almoçar direito só pensando na clara. Fiquei ali na sala recebendo carinho da minha mãe. Fiquei vendo as notícias que estavam saindo e a imprensa já descobriu mesmo o que estava acontecendo. Pra eles é fácil conseguir informação na delegacia. 

júnior: não consigo pensar em mais nada

nadine: para de ver essas notícias, filho 

júnior: não consigo. Eu fico lendo tudo, tentando achar alguma resposta

O marcelo entrou ali na sala igual um foguete.

marcelo: o pai do fernando me ligou, eu acho que eu sei onde ele levou a clara 

neymar: mas você tem certeza que foi ele mesmo?

marcelo: absoluta 

júnior: fala logo 

marcelo; em petrópolis, na casa que eles tem lá 

gil: então vamos pra lá 

henrique: calma, a gente não pode ir assim. Nós não sabemos se o fernando tá com alguém mais lá

nadine: é, pode ser perigoso. Ele pode estar armado, sei lá 

marcelo: vamos pra delegacia 

júnior: vamos 

Saímos e fomos para a delegacia, só ficaram as mulheres em casa mesmo. Ali na entrada da delegacia, tinha gente da imprensa mas, com a ajuda do meu segurança, conseguimos entrar. Pedimos para falar com o delegado, esperamos ele terminar de atender outro caso e ele nos atendeu. Contamos as informações que nós tínhamos e ele pediu para chamar o pai do fernando aqui, para ouvir ele. Ele demorou quase uma hora para chegar, o que estava deixando a gente mais nervoso ainda.

jota: porra, ele demorou pra caralho pra chegar

júnior: isso é sacanagem. Eu quero ir atrás da clara logo 

henrique: calma 

Ele ficou falando com o delegado e com o investigador por quase duas horas e, finalmente, eles saíram da sala.

delegado: preciso de reforço, já falei com a polícia de petrópolis e estamos indo 

daniel: eu vou no meu carro com o meu pessoal 

henrique: nós vamos no nosso também 

daniel: o carro de vocês sempre atrás dos nossos, pela segurança de vocês. Entenderam?

marcelo: sim, pode deixar 

delegado: outra coisa, deixem que a gente faça nosso trabalho. Eu não quero ninguém bancando o herói, caso a gente ache eles. Entendido? - assentimos que sim - então vamos 

Saímos da delegacia, pegamos os carros e fomos indo a caminho de petrópolis. O pai do fernando foi com a gente também. Meu coração estava a mil. Por um lado eu estava otimista mas, eu também pensava, e se não acharmos ela? E se for tudo um engano e ela não está com o fernando? Sei lá, passam mil coisas pela minha cabeça nesse momento. A rafa me mandou mensagem no whatsapp.

Oi, jú

Conseguiram descobrir alguma coisa?

Nós estamos nervosas aqui aguardando notícias 

      Estamos indo para Petrópolis 

      Se estivermos certos, vamos encontrar a clara 

      Orem por nós e por ela 

      Te amo 

Eu amo vocês

Se cuidem

Vamos orar muito daqui 

Vão com Deus 

Parece que a gente não chegava nunca e a viagem que dura um pouco mais de uma hora, parecia que estava durando 10. Finalmente chegamos em petrópolis e encontramos com a polícia de lá. Acho que tinham uns 10 carro de polícia, também tinham mais duas ambulâncias e até helicóptero da polícia envolvido nisso tudo. Depois que eles traçaram toda a estratégia, conversaram com o pai do fernando sobre como chegar na casa e, fomos indo. Parece que agora que estava perto, meu coração estava batendo de um jeito que parecia que ia sair do peito. Paramos para encontrar com o caseiro da casa. Chegamos na entrada da casa e só a entrada até a casa devia ter mais de 300 metros. Realmente enorme. O caseiro entrou primeiro, com a desculpa de que tinha esquecido alguma coisa aqui. Depois de uma meia hora ele voltou.

xxx: o seu fernando tá aí, mas não me deixou entrar de jeito nenhum 

delegado: pegamos ele. Vamos nos preparar para invadir - ele falou no rádio com o pessoal do helicóptero, para ficar todo mundo preparado, ainda mais porque a clara está grávida - certo. Vamos começar. Vocês fiquem aqui, já falei que não quero ninguém bancando o herói. Nós vamos fazer o nosso melhor para libertar ela com segurança - eles se prepararam e foram entrando.

Meu coração começou a bater igual louco e eu comecei a tremer.

• Júnior off

Nem sei por quanto tempo fiquei sozinha aqui no quarto, até ouvir que a campainha tocou e eu fiquei alerta. Ali do quarto, pude ouvir o fernando brigando com alguém e depois de 5 minutos, ele entrou no quarto de novo.

fernando: tudo bem, meu amor? - ele sentou do meu lado e passou a mão no meu rosto. Eu só assenti que sim.

clara: quem era?

fernando: ah, o caseiro. Mas já dispensei ele, disse que eu e minha esposa queremos privacidade. Ninguém mais nos atrapalhar aqui, eu te falei

Deitei de novo e virei de costas pra ele, não conseguia nem olhar pra cara do fernando. Ouvimos um barulho de helicóptero e ele foi na janela olhar.Fiquei olhando em direção a janela.

fernando: devem estar procurando alguém pela região, ou só monitorando mesmo - ele sentou ali na cama de novo - quer comer alguma coisa? tomar um banho?

clara: eu quero ficar sozinha 

fernando: isso não é uma opção - ele veio me beijando e eu fiquei me segurando para não chorar - já to fazendo planos pra quando nossa filha nascer

clara: ela é minha filha e do júnior

fernando: já falei pra você esquecer esse jogador. Não entendeu ainda? Ela é NOSSA FILHA, NOSSA - ouvimos um barulho ensurdecedor vindo lá de baixo, parece que estavam derrubando a porta - que isso? o que você fez?

clara: eu não fiz nada

fernando: puta que pariu - ele saiu do quarto e trancou a porta

Eu comecei a chorar. Não sabia o que estava acontecendo e estava sentindo muito medo. Ouvi uma gritaria vindo lá de baixo e o fernando gritando muito também. Meu coração estava a mil. Se é algum ladrão fazendo alguma coisa com ele, pode fazer comigo também. Coloquei a mão na barriga e fiquei ali toda encolhida, com muito medo. Ouvi um barulho muito alto na porta, estavam tentando arrombar. Fechei os olhos e continuei ali encolhida, até que abriram a porta.

xxx: ACHEI ELA, CHEFE… Anna clara?! - abri os olhos - eu sou o policial almeida… calma, agora você tá livre - ele veio até mim - tá tudo bem? - assenti que sim, porque não conseguia falar de tanto que estava chorando - nós vamos tirar você daqui - um outro policial entrou também para tentarem tirar minha algema.

• Júnior on 

Ficamos quase 40 minutos ali, sem notícias até começarmos a ouvir os barulhos que vinham lá da casa. Até que finalmente, um policial recebeu alguma coisa no rádio.

xxx: ENCONTRAM ELA, ENCONTRARAM

júnior: encontraram? tá falando sério?

marcelo: nós conseguimos, achamos ela

júnior: obrigado, meu Deus - nós todos nos abraçamos, finalmente achamos a clara - ela tá bem?

xxx: recebi a informação que sim… vocês podem ir 

Foi só ele falar isso pra eu sair correndo em direção aquela casa, na verdade, veio todo mundo correndo, mas eu cheguei primeiro. Ali na sala, estava o fernando algemado, sentado no chão. 

júnior: seu desgraçado - fui pra cima dele mas um policial não deixou - se você fez alguma coisa com a clara…

fernando: ela me ama e ainda vai ser minha 

júnior: cala essa boca - fui pra cima dele de novo 

gil: irmão, não faz isso - o gil me tirou dali 

Me falaram que a clara estava num quarto. Subi correndo e parei na porta do quarto. Ela estava chorando, conversando com os policiais e o delegado.

clara: jú

júnior: meu amor - fui até ela, nós nos abraçamos e choramos juntos...